Princípios da reabilitação respiratória na Covid-19
Tem por objetivo atenuar os sintomas de dispneia (falta de ar), aliviar a ansiedade, reduzir as complicações, prevenir e reduzir as incapacidades e melhorar a qualidade de vida;
Tempo do programa de reabilitação: durante toda a internação e também no pós-alta (6 a 8 semanas). Para pacientes em estado crítico a intervenção de reabilitação não é recomendada, visto que esses casos são tratados com os pacientes sedados em ventilação mecânica.
Plano de reabilitação respiratória e motora deve ser ajustado as demaispatologias pré existentes.
A recomendação da Associação Chinesa divide os pacientes infectados em três grupos durante hospitalização: (1) sintomas leves/moderados; (2) sintomas graves/críticos e (3) pós-alta.
Momento da intervenção da reabilitação respiratória
Com base no entendimento limitado do mecanismo fisiopatológico da Covid-19, observações clínicas descobriram que cerca de 3% a 5% dos pacientes comuns dentro de sete a 14 dias após a infecção podem progredir para sintomas graves, por isso, é recomendado que a intensidade das atividades seja leve, pois o objetivo é manter a aptidão física existente.
Critérios de exclusão para reabilitação respiratória:
Temperatura corporal > 38,0 ℃;
Tempo de diagnóstico inicial ≤ 7 dias;
Tempo desde o início até a dispneia ≤3 dias;
Exame de imagem com progressão da imagem torácica dentro de 24-48 horas > 50%;
Saturação de oxigênio no sangue: ≤ 95%;
Pressão arterial: pressão arterial estática <90/60 mmHg ou > 140/90 mmHg.
Leia também: Características clínicas de pneumonia refratária por Covid-19
Reabilitação em pacientes hospitalizados com sintomas leves/moderados
Educação do paciente sobre a doença e o processo de tratamento, por meio de contato direto, vídeos ou manuais. Os recursos de telemedicina também podem ser usados
Repouso relativo, sono adequado, dieta equilibrada e cessação do tabagismo.
Atividades:
Intensidade do exercício: leve, com escore de dispneia de Borg menor ou igual a 3 (em 10 pontos); Freqüência: 2 vezes ao dia. Duração: 15 a 45 minutos. Pode ser realizado de forma intermitente;
Exercícios respiratórios, adequação postural, manutenção de amplitude de movimento, exercícios físicos aeróbios leves;
Intervenção psicológica – identificar transtornos psicológicos através de escalas auto-aplicáveis e, se necessário, procurar profissionais de psicologia.
Reabilitação em pacientes hospitalizados com sintomas graves
As intervenções de reabilitação devem abranger três aspectos principais: (1) gerenciamento da postura; (2) atividades precoces; (3) manejo respiratório.
Momento da intervenção
O tratamento de reabilitação respiratória pode ser iniciado quando todas as seguintes condições forem atendidas:
Sistema respiratório: concentração de oxigênio inalado (FiO 2) ≤ 0,6; saturação de oxigênio no sangue (SpO2) ≥ 90%; frequência respiratória : ≤ 40 vezes / min; pressão expiratória final positiva (PEEP) ≤ 10 cmH2O.
Sistema cardiovascular: pressão arterial sistólica ≥ 90 mmHg e ≤ 180 mmHg; pressão arterial média (PAM) ≥ 65 mmHg e ≤ 110 mmHg; frequência cardíaca: entre 40 a 120 batimentos/min. Ausência de sinais de: arritmias, isquemia miocárdica, choque, trombose venosa instável, embolia pulmonar, estenose aórtica.
Sistema nervoso: Escala de Agitação-Sedação de Richmond (RASS) -2 ~ + 2.
Outros: Nenhuma fratura instável de membros e coluna vertebral; nenhuma doença grave do fígado e rim ou danos na função hepática e renal recentemente progressivos; nenhum sangramento ativo; temperatura corporal ≤38,5 ℃.
Intervenções de reabilitação respiratória:
Gerenciamento da postura: quando as condições fisiológicas permitirem, aumentar gradualmente a posição antigravitacional, como a cabeceira da cama elevada até 60 ° na posição sentada. O ortostatismo pode ser realizado 30 minutos a cada vez, três vezes ao dia.
Atividade: trocas posturais, transferências, treinamento ativo ou passivo (a depender do grau de sedação), de movimento articular completo, alongamentos e estimulação elétrica neuromuscular (FES).
Manejo respiratório: recrutamento pulmonar e a descarga de escarro.
Veja ainda: Coronavírus: veja as principais orientações da American Thoracic Society para manejo
Reabilitação pós-alta
O objetivo é a recuperação da aptidão física, melhora da dispneia, restabelecimento da massa muscular, incluindo músculos respiratórios e tronco e ajuste psicológico.
Os pacientes graves que apresentam disfunção respiratória devem receber tratamento de reabilitação respiratória domiciliar.
Exercício aeróbico: iniciando com baixa intensidade e aumentando gradualmente a intensidade, duração de três a cinco vezes por semana, 20 a 30 minutos de cada vez. Para pacientes que são facilmente fatigados, o exercício intermitente pode ser usado;
Treinamento de força/resistência: progressivo, a carga de treinamento de cada grupo muscular alvo é de 8 a 12 RM (Repetições Máxima), intervalo de 2 minutos, frequência de 2 a 3 vezes/semana. Duração de seis semanas, com aumento semanal de 5% a 10%;
Treinamento de equilíbrio;
Treinamento do padrão respiratório: ajuste do ritmo respiratório, treinamento da atividade torácica, mobilização da participação do grupo muscular respiratório; treinamento do escarro.
Orientação para retorno as atividades de vida diária
O manual também disponibiliza links para atividades físicas orientais:
Tai Chi;
Qigong.
Outros estudos
Chaturvedi destacou a importância da abordagem da saúde mental em tempos de crise.
Liu e colaboradores realizaram um ensaio clínico com as intervenções em reabilitação pulmonar e física por seis semanas. A análise de desfecho primário foi a função pulmonar e de desfecho secundário foram resistência ao exercício, qualidade de vida, atividades de vida diária e alterações psicológicas. A maioria teve resultados estatisticamente significantes, exceto os dois últimos itens descritos. Ressalta ainda a importância de dar seguimento aos estudos com uma amostra maior.
Comentários
Postar um comentário